Publicado por: Fabio | 14 Novembro, 2008

Niterói

Que saudades que sinto de lá.

Acordar e olhar a Baía pela janela, não tinha como ficar mau humorado. Andar na rua vestido do jeito que quisesse, fazer a barba com qualquer estilo louco, sem ter aqueles olhares reprovadores de cidade pequena. Ir pro trabalho de paletó, gravata, e skate morro abaixo. Ir pras festas da Cantareira, depois ir pro Saco, depois dar um rolé em Icaraí. Pegar uma praia em Itacoá, aproveitar a proximidade e dar uma olhada no mirante de Itaipuaçu. Ah Itaipuaçu, quantas lembranças, quantas aventuras, quantas roubadas também.

Raves em Jurujuba. Luais em Camboinhas e Itacoatiara.. e quantos foram? No total uns 50. Num mesmo dia, eu e Messias, foram 4 por quê a cachaça na cabeça ajudava. O violão debaixo do braço chamava a atenção. Aí fizemos o nosso lual, depois fomos pros outros de penetra e quando o violão cantava éramos promovidos à convidados de honra. Até que no final da noite, início da manhã:

– Vamos embora?

– Vamos, ta com dinheiro aí?

– Não ué, gastei tudo comprando vinho.

– Porra, também não tenho dinheiro, só tenho pra minha passagem.

– Ih, olha aqui no chão um vale-transporte!

– Fala sério, ta bêbado porra?!

– É sério ô babacão, ta aqui ó! Vamo embora pra casa que ainda tenho que tomar banho pra trabalhar.

Contando assim, dá pra acreditar? Podem me chamar de mentiroso mas, que aconteceu, aconteceu.

Também tinha a galera da academia perto da faculdade de Direito da UFF. Marcão teimava em repetir que eu e ele havíamos sido companheiros medievais de batalha campal. O (mestre) Iôda sempre ficava contando mentira sobre a mulherada, nunca vi um japonesinho baixinho, do “zói” puxadasso e metido a pegador.

Saudades das farras no DCE da Uff que eu considerava como quintal da minha casa (até mesmo pq eu morava no Ingá). Outra qualidade de se morar lá era que, quando desse na telha, se podia pegar um busu ou um frescão pra dar outro rolé em Botafogo, Copacabana e por aí vai.

Acho que foram os 2 anos mais bem vividos da minha vida, mais bem aproveitados, mais divertidos, e também mais cansativos às vezes.

Vizinhos de prédio são um porre, ainda mais quando dão o azar de fazer fofoca no elevador sobre os barulhos do apartamento vizinho, sendo que meu irmão também era vizinho daquele apartamento. Putz! Eu, quando fico nervoso, fico nervoso. Agora meu irmão, quando fica nervoso, é melhor dar um jeito de olhar onde ficam as saídas mais próximas, se existe polícia perto, contar quantos adversários vão entrar na briga e meter as caras pra ajuda-lo. Coitado do vizinho fofoqueiro, entrou no elevador reclamando da “gemeção” do outro apartamento, e saiu pedindo desculpas por se meter na vida alheia. Bem feito, devia ser inveja sabia? Ah, fofoca já foi outro post, deixa pra lá. Pra defender os vizinhos e provar que nem todos eram chatos de galocha, lembro de um dia que praticava o repertório do lual na área de serviço, acabei de tocar uma música da Ana Carolina e gritaram lá de baixo: “- Toca Garganta!” Botei a cara na janela e vi 4 garotas, lindas, debruçadas nas 4 janelas andares abaixo me ouvindo. Amizades foram feitas, e essas amizades ainda resistem à distância. Preciso passar por lá para visita-las..

Tinha o lado ruim? Tinha. Ficar longe da mamãe, ficar longe dos amigos e consequentemente ter que fazer novos. Encarar pela primeira vez a sensação de morar sozinho, de tomar conta da própria vida, de aprender (forçadamente) a cozinhar, pagar o aluguel, luz, água, IPTU, gás, telefone.. Não dar mole na rua pra não ser assaltado, sair à noite só com a carteira de motorista e o dinheirinho contado no bolso. Violência em tudo quanto era lugar. Mas sabendo por onde se anda, não se tem problema. Mas mesmo assim, um dia, ainda quero voltar a morar lá.

É, muita saudade mesmo.


Respostas

  1. Fábio,o que vc estudou na UFF? Meu filho está saindo de letras e entrando no mestrado. Tenho dois filhos morando em Icaraí, não vou muito la para que eles tenham a oportunidade de vir a Paraty, que é O paraíso, mas esse seu momento nostalgia me capturou…
    Brigada pela boa vontade com meus ultimos posts…To preparando uma exposiçao que abre no 22 proximo e não posso tirar o foco, então o jeito é enrolar a freguesia rs
    Bjo

  2. Bom lembrar né?, esse tempo de faculdade é muito bom pena que passa. Conheço muito bem Niterói, nunca morei lá, mas gosto muito daquela terrinha, bjs

  3. Que dizer, se a vida teima em se desfazer nessas peças? Para mim, resta-nos apenas encaixar tudo, para nos manter uma coisa só. Algumas peças se perdem, outras a gente acha depois. Tem as que nem são nossas e a gente mesmo assim encaixa à força.

    Lembrar é remendar momentos, mesmo. Adorei ler esse texto, me fez pensar muito no q eu mesmo já passei. De niterói, não tenho muita coisa. Só verões em Camboinha, adorava.

  4. ahhhh certeza que era inveja monstruosa do vizinho reclamão. e todo mundo devia morar sozinho ao menos um tempo, eu acho. bj

  5. Bem, eu sou carioca, nascida no Leme… Cresci ouvindo dizer que o melhor de Niterói é a vista do Rio de Janeiro…
    Hehehe, brincadeira. Namorei um niteroiense e conheci bem o lado de lá, é muito bacana e bonito. Boas lembranças.
    Bjs

  6. O bom de tudo nesses dois anos, foi justamente que você viveu intensamente e hoje pode de coração cheio e apertado (de saudades !) dizer que aproveitou cada momento. Nada e nenhuma palavra descreve a sensação de saber que viveu ótimos lugares, pessoas e momentos. Nenhuma mesmo. =)

  7. A cidade SORRISO te espera!!! O melhor lugar do mundo é aqui, e agora! Bjks…


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